A questão ambiental: uma possível interpretação à luz da economia ecológica
Resumen
Apesar do ponderável significado dos problemas ambientais que nos cercam, o cerne propriamente da questão ambiental não residiria nesses problemas. Eles expressam atitudes, valores, uma visão de mundo ou arcabouço mental, enfim, que trata a natureza como mais um compartimento da economia. Como um apêndice de menor importância na constelação de setores que constituem a sociedade. Tal visão de mundo, sim, parece constituir a encarnação da questão ambiental. Pois a natureza, em conseqüência da postura assumida, vai surgir apenas como provedora de recursos: como se fosse uma fonte inesgotável. Por isso, é tratada a custo zero. Seu papel é o de um parâmetro fixo, inalterável, de disponibilidade infinita. Mesmo do ponto de vista dos recursos naturais indiscutivelmente não-renováveis, como o petróleo, a economia raciocina como se eles fossem durar para sempre. Contudo, ninguém de bom senso pensará que está financiando saudavelmente seu consumo de comida quando, para tanto, precisar se desfazer de um bem — como um computador, um aparelho de TV, um relógio de estimação, o assoalho da sala-de-visita. Não pensa porque sabe que o ganho assim obtido não é renda. Trata-se de pura diminuição de ativos: diminuição do patrimônio; diminuição da capacidade de prover seu sustento. Ora, por que o mesmo raciocínio não se aplica a um país ou à economia de uma cidade no tocante aos recursos de sua “casa” que se degradam ou extinguem? É aqui que cabe procurar entender em que base se ergue a verdadeira questão ambiental, tema deste artigo. Palavras-chave: economia ecológica, visão pré-analítica, analfabetismo ecológico, desenvolvimento, limites ao crescimento. The environmental problems around us are enormous, and their meaning full of content. But the center proper of the so-called environmental question does not seem to lie on them. They express attitudes, values, a worldview or mental framework in short that treats nature as simply a compartment of the economy. As if it were an appendix of minor importance in the set of sectors shaping society. Such worldview, it seems, would in itself constitute the environmental question. For nature, as a consequence of the prevailing perspective, will appear as an infinite provider of services and functions: as if it was an inexhaustible source. For this reason, it is considered as having zero cost. And its role is of a fixed, unchangeable parameter, with unlimited availability. Even from the standpoint of natural resources which are unquestionably nonrenewable, such as oil, the economy reasons as if they were to last forever. Nevertheless, nobody in good sense will think that is healthily financing her consumption of food when, to that effect, needs to get rid of a good – as a computer, a TV set, a valuable watch, the floor of the living-room. She will not think so because she knows the earnings thus obtained are not income. They represent a loss of assets: a lesser endowment, a diminution of the capacity to provide her own support. Why then the same rule is not applied to a country or to the economy of a city in terms of the resources of the "house" that are degraded or depleted? It is here that it makes sense to search to understand on which bases the environmental question is raised, theme of this article. Key words: ecological economics, pre-analytic view, ecological illiteracy, development, limits to growth.Descargas
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Publicado
2011-06-13
Cómo citar
Cavalcanti, C. (2011). A questão ambiental: uma possível interpretação à luz da economia ecológica. Cadernos De Estudos Sociais, 21(1-2). Recuperado a partir de https://periodicos.fundaj.gov.br/CAD/article/view/1347
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Artigos - número 2
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