ÁREAS PROTEGIDAS E URBANIZAÇÃO: O CASO DA APA DA ILHA DO COMBÚ, BELÉM (PA)
DOI:
https://doi.org/10.33148/DOI:10.33148/CES25954091V35n2(2020)1890Palavras-chave:
Amazônia, extrativismo, unidades de conservação, açaí, desenvolvimento socioeconômicoResumo
O trabalho procura-se responder em duas perguntas: qual é a influência da localização geográfica da Ilha do Combú na área metropolitana de Belém, PA, e se seu status atual de Área de Proteção Ambiental (APA) tem algum impacto sobre biodiversidade e desenvolvimento socioeconômico?Semelhante a outras áreas ribeirinhas da Amazônia, o Combú tem uma longa história de envolvimento no comércio de produtos extrativos. No entanto, sua proximidade geográfica com Belém e consequente acesso a mercados tornou os produtores menos dependentes de intermediários, enquanto a posse de recursos se baseou em unidades familiares independentes. Portanto, o modo dominante de extrativismo caboclo, juntamente com o acesso limitado ao transporte motorizado para chegar a Belém até a década de 1990, garantiu um nível relativamente alto de conservação ambiental. A declaração da APA em 1997 serviu ao objetivo de manter essa situação contra o aumento da pressão da urbanização.
Os resultados mostram que o impacto do status de APA introduzido externamente tem sido um tanto contraditório. Embora tenha facilitado o acesso a algumas instalações modernas, como a eletricidade, a ilha ainda sofre com a falta de serviços importantes, como água potável e tratamento de lixo. Embora a APA tenha tido um efeito limitado na conservação da biodiversidade, a alta demanda por açaí permitiu a continuidade da produção extrativista relativamente sustentável, embora com tendência para a monocultura. As principais ameaças vêm do turismo de lazer descontrolado e do rápido aumento do tráfego motorizado - ambos devido à proximidade de Belém.
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