Da Monarquia à República

Abstract

RESUMO O Autor analisa o processo da independência do Brasil com a adoção do sistema mo¬nárquico de governo, indicando os aspectos positivos e negativos da opção política. Mostra, porém, que o Império, que perdurou 67 anos após a difícil fase de implantação e consolidação (1822-1850), teve uma curta fase de fastígio (1850-1871) e, em seguida, foi sendo atingido por uma série de incidentes entre o Governo e as classes dominantes – o clero, os militares e os latifundiários – e, sendo incapaz de se modernizar, se exauriu, sendo destruí¬do por um simples golpe militar. Mas a República, proclamada a 15 de novembro de 1889, não representou urna verdadeira transformação nas estruturas, de vez que as lideranças mais conservadoras – fazendeiros de café, criadores de gado e produtores de açúcar – aliados aos militares, impediram que se fizesse urna política de organização e conscientização dos ex-escravos, e da população pobre em geral, contribuindo para fortalecer os grupos oligárquicos que dominaram durante o Império. Grupos que, com a autonomia dos estados e o desenvolvimento da política dos governadores, acentuaram o controle econômico e político depois, tanto em escala regional corno na nacional. Daí, uma República oligárquica em que os ba¬rões foram substituídos pelos “coronéis”. ABSTRACT From the Monarchy to the Republic. v. 17, n. 2, p. 161-170, jul./dez. 1989. It analyses the independence process in Brazil with an adoption of the monarchic system of government, showing the positive and negative aspects of the political option. It shows the Empire which lasted 67 years after many difficulties of establishment and consolidation (1822-1850) its apogee (1850-1871) and how it was reached by many problems between the government and the dominant classes (the clergy, the military people, and the land owners being unable to be up to date, being replaced by a military stroke. The Republic proclaimed at 15th November, 1889, didn’t represent a true transformation of structures since that the most conservative leaderships – farmers of coffee plantation, cattle-raisers and sugar producers – connected to the military people, avoided a politics of organization and conscientization of the ex-slaves and the poor population in general contributing to strengthen the oligarchic group which mastered the Empire. These groups being conscious of their power, increased the economic and political control in regional and national level. The Republic is formed by oligarchic groups where the barons where replaced by the “colonels”. RÉSUMÉ De la Monarchie à la République. v. 17, n. 2, p. 161-170, jul./dez. 1989. L’autheur analyse le processus de l’indépendance du Brésil après l’adoption du régime monarchique et se propose à montrer les aspects positifs et négatifs de cette option politique. L’Empire qui a duré 67 ans, connaît, après avoir vécu une difficile période d'établissement et de consolidation (1822-1850), son apogée (1850-1871). Mais, une série de graves problèmes entre le Gouvernement et les classes dominantes (le clergé, les militaires et les grands propriétaires) commence à menacer l'Empire. Un coup militaire entraîne sa chute. Proclamée le 15 Novembre, 1889, la République n'a pas toujours apporté de véritables transformations au niveau des structures sociales. Les grands propriétaires, les fermiers, les producteurs de sucre, alliés aux militaires, ont empêché l'organisation des esclaves libres et de la population pauvre. Ce fait a contribué à fortifier des groupes oligarchiques qui ont exercé une grande influence pendant l'Empire. Conscients de leur pouvoir, ces groupes jouèrent un rôle politique de premier plan, au niveau regional et national. La République serait donc formée de groupes oligarchiques où les barons ont été remplacés par les "colonels”.