A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO PARA O PROGRESSO SOCIAL

Autores

  • Simon Schwartzman Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade no Rio de Janeiro

Resumo

A educação é o processo de aprendizagem e expansão da cultura que, ao contribuir para a melhoria da condição humana através de mais conhecimento, saúde, condições de vida, equidade social e produtividade, é um componente central do progresso social. Espera-se que a educação promova o progresso social através de quatro dimensões diferentes, mas inter-relacionadas: a humanística, pelo desenvolvimento das virtudes pessoais e coletivas em toda a extensão; a cívica, pelo aprimoramento da vida pública e participação ativa em uma sociedade democrática; a econômica, proporcionando aos indivíduos habilidades intelectuais e práticas que os tornem produtivos e melhorem suas condições de vida e desenvolvam a sociedade; e através da promoção da equidade social e da justiça.

A expansão da educação formal, que fez parte do surgimento dos estados-nação e das economias modernas, é um dos indicadores mais visíveis do progresso social. Ao se expandir, a educação criou uma rede complexa de instituições organizadas conforme diferentes trajetórias ao longo da vida, da educação inicial até os estágios finais do ensino superior, passando por diferentes ciclos escolares, e continuando com a educação ao longo da vida. Esta rede de instituições está sujeita a rupturas e clivagens que refletem suas diversas origens e objetivos históricos e desenvolvimentos assíncronos em diferentes regiões. Começando pela educação elementar, as instituições educacionais se expandiram horizontalmente (por campos de estudo, temas ou ocupações) e verticalmente (por níveis e credenciais). A distribuição de crianças e jovens por diferentes trajetórias e instituições, por uma combinação de escolhas e condicionamentos, é um processo central na educação formal que em parte modifica, mas também reflete e reproduz as desigualdades sociais preexistentes.

Este texto apresenta os principais dilemas e ações necessárias para que a educação corresponda a suas promessas. As políticas de educação, informadas pelos conhecimentos criados pela pesquisa social, devem levar a mais equidade e produtividade, dando ênfase aos seus objetivos cívicos e humanísticos, com especial atenção à formação de professores. As estruturas de governança devem ser flexíveis, participativas, responsáveis e conscientes do seu contexto social e cultural.

A nova agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030, estabelecida em 2015 pelas Nações Unidas, requer, para sua implementação, um novo paradigma de cooperação internacional baseado no conceito de parceria global plena e o princípio de que ninguém será deixado para trás. O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 para a Educação visa "garantir educação inclusiva e de qualidade para todos e promover a aprendizagem ao longo da vida". Para conseguir isso, será necessário: (1) expandir o acesso e melhorar a qualidade da educação infantil, como condição prévia para o bom desempenho educacional ao longo da vida em todos os seus objetivos; (2) melhorar a qualidade das escolas, nas interações diretas dos alunos com seus grupos de iguais, educadores e meio circundante, e cuidando de suas características institucionais, como o tamanho das turmas, o número de alunos por professor, as qualificações dos professores e suas condições de trabalho, e a provisão de um currículo significativo e relevante; (3) fortalecer o papel dos educadores, considerando que os professores não são apenas portadores de conhecimento e informação, mas modelos de comportamento que têm um impacto significativo nas disposições das crianças em direção à educação e à vida em geral; (4) tornar o ensino superior e profissional mais inclusivo e socialmente relevante, aumentando assim as oportunidades para que estudantes de todos os setores da sociedade possam ampliar sua educação de forma significativa e prática, eliminando barreiras sociais e culturais ao acesso e reduzindo as hierarquias entre instituições e carreiras de maior ou menor prestígio e reconhecimento. Além disso, recomenda-se o uso adequado das oportunidades criadas pelas novas tecnologias digitais. Elas não são uma bala mágica que irá substituir as instituições educacionais existentes e criar um novo mundo de aprendizagem. Mas podem ser instrumentos poderosos para melhorar a qualidade e a relevância da educação e sua contribuição para o progresso social.

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Biografia do Autor

Simon Schwartzman, Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade no Rio de Janeiro

Possui graduação em Sociologia e Política e Administração Pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (1961), mestrado em Sociologia pela Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (FLACSO) (1963) e doutorado em ciências políticas pela University of California Berkeley (1973). Atualmente é pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade no Rio de Janeiro. Foi Presidente da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1994-1998). Tem experiência na área de Ciência Política, com ênfase em políticas sociais, atuando principalmente nos seguintes temas: política comparada, educação superior, ciência e tecnologia, educação, e sociologia da ciência. É membro da Academia Brasileira de Ciências e do Conselho Nacional de Avaliação da Educação Superior (CONAES).

Publicado

2018-02-27

Como Citar

Schwartzman, S. (2018). A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO PARA O PROGRESSO SOCIAL. Ciência & Trópico, 42(1). Recuperado de https://periodicos.fundaj.gov.br/CIC/article/view/1721

Edição

Seção

ARTIGOS