IMIGRANTES AFRICANOS, MULHERES BRASILEIRAS E LGBTTI’S NA CIDADE DE FORTALEZA-CE

Autores

  • Ercilio Neves Brandão Langa Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira

DOI:

https://doi.org/10.33148/CES2595-4091v.33n.220181750

Palavras-chave:

Sexualidade, imigrantes africanos, mulheres brasileiras, LGBTTI’s

Resumo

Este artigo aborda as relações afetivas entre imigrantes africanos, mulheres brasileiras e o segmento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transgêneros e intergêneros (LGBTTI’s) na cidade turística de Fortaleza-CE, no nordeste do Brasil. A partir da observação etnográfica com recursos a entrevistas e conversas informais com africanos oriundos de países falantes da língua portuguesa e cidadãos brasileiros de ambos os sexos que assumem distintas identidades de gênero, analiso a troca de olhares entre estes atores. As relações entre imigrantes africano(a)s e brasileiro(a)s de distintas orientações sexuais e de gênero são marcadas pela discriminação racial, dependência econômica e ambivalência, onde a sexualidade se revela espaço de descoberta e de redefinição de identidades. No cotidiano, os encontros entre os três grupos são marcados por curiosidades e atitudes discriminatórias. Bares e discotecas LGBTTI´s, bem como festas africanas configuram espaços onde acontecem as interações afetivossexuais envolvendo, particularmente, mulheres brasileiras e imigrantes africanos. As interações entre africanos e homossexuais brasileiros revelam-se ambíguas e nunca publicamente assumidas, envolvendo trocas materiais e simbólicas. Tais interações revelam-se momentos liminares e negociações identitárias, dominados por representações relativas às performances sexuais, onde os atores se esforçam para caber nos estereótipos existentes acerca da sexualidade. Entretanto, os encontros também são marcados por choques e tensões culturais, representando um desafio às relações de gênero e dominação, a repensar as teorias que representam o homem como algoz e a mulher como vítima.

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Biografia do Autor

Ercilio Neves Brandão Langa, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira

Doutor em Sociologia (2016) e Mestre na mesma área (2012) pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Possui Bacharelado em Ciências Sociais (2007) e Licenciatura em Sociologia (2009) pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM, Moçambique). Foi pesquisador e estagiário no Grupo de Pesquisa Saúde e Sociedade (GPSS) do Departamento de Sociologia da UEM durante três anos desenvolvendo pesquisas ligadas às áreas da Saúde e Direitos Humanos. Em seus estudos, tem como áreas de interesse processos de saúde e doença em populações vulneráveis; comportamentos, experiências e atitudes desses segmentos diante de doenças epidêmicas e endêmicas; relações médico-paciente e decisões dos atores diante de possibilidades de tratamento. Estuda a Diáspora Africana no Ceará oriunda dos processos de migração estudantil internacional, seu cotidiano, processos identitários, relações etnicorraciais e afetivossexuais, interações com organismos públicos e com a sociedade cearense. Foi professor na rede estadual de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Ceará, lotado no CEJA Paulo Freire. Atualmente é professor no Instituto de Humanidades e Letras (IHL) da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), integrando o Grupo de Pesquisa África-Brasil: produção de conhecimentos, sociedade civil, desenvolvimento e cidadania global.

 

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Publicado

02/13/2019

Como Citar

Langa, E. N. B. (2019). IMIGRANTES AFRICANOS, MULHERES BRASILEIRAS E LGBTTI’S NA CIDADE DE FORTALEZA-CE. Cadernos De Estudos Sociais, 33(2). https://doi.org/10.33148/CES2595-4091v.33n.220181750

Edição

Seção

Artigos - Dossiê Temático - MIGRAÇÕES EM PAÍSES LUSÓFONOS